Meu caro e curioso leitor,
Apresentar-se pode ser complexo até para os mais convictos de si. Não é de hoje que me deparo com pessoas que com facilidade escrevem uma história de mil folhas, mas frente a necessidade de mostrar quem são e o que fazem (mesmo que por escrito), não conseguem desenvolver um parágrafo sequer.
Se você está aqui, é possível que tenha se deparado com a necessidade de fazer uma carta de apresentação sobre você, sua obra ou algo semelhante. É nesse momento em que o coração aperta e nos perguntamos: “Meu Deus, e agora?! Quem sou eu? Para onde vou? O que faço? Ou melhor, como explico o que faço?!”. Assim, assumo o dever de te dizer, caro escritor, que não se preocupe. Nós, autores em geral, não sabemos direito o que estamos fazendo, e talvez aqueles poucos que tenham descoberto essa resposta, perderam o desejo por fazê-lo.
Contudo, mesmo que pouco saibamos sobre o que fazemos, é da base de nosso ofício construir na cabeça do outro, unicamente com palavras, aquilo que desejamos fazê-lo entender. Por isso, caro leitor, separei algumas dicas para ajudá-lo nesse importante feito.
Devo logo avisá-lo que existem muitas formas de se apresentar e elas irão mudar de acordo com os mais variados contexto e objetivos. Aqui, abordarei apenas uma dessas formas, dando dicas para autores e autoras que desejem se apresentar para uma editora tradicional.
Estão preparados? Pois vamos lá!
Como montar uma carta de apresentação?
Dica #1 – Prepare o caminho
Isso deveria ser meio óbvio, mas garanto que é um erro comum. Recebo (com mais frequência do que gostaria) cartas mal planejadas e confusas, que misturam informações do autor com amigos e familiares, inclusive pets (sim, eu também fiquei surpreso quando vi isso pela primeira vez).
Sei que muitos procuram parecer engraçados e espontâneos ao se apresentar, na tentativa de criar um clima “divertido e descontraído”, mas nem sempre esse é o melhor caminho. Preparar seu conteúdo antes de enviá-lo é, sem dúvida nenhuma a melhor, e mais segura, alternativa para chamar a atenção da casa editorial que procura.
Nessa hora você deve estar se perguntando: Como começo a preparar o caminho?
Separe as seguintes informações:
» Sinopse editorial do seu livro;
» Sua Minibiografia;
» Informações sobre sua vida como escritor;
» Informações sobre sua vida no mercado literário;
» Informações sobre o público alvo que deseja atingir;
» Informações sobre influenciadores relevantes para o seu tema;
» Outras obras que já publicou;
» Conquistas e prêmios que teve…
Enfim, são muitas as informações possíveis e quanto mais conseguir reunir, melhor! Mas atenção, não ache que só porque a informação existe ela deve ser colocada na sua apresentação. As vezes mais vale uma leve menção à tal informação, outras vezes, ela não acrescentará nada à narrativa.
Acabei de reunir as informações, qual o próximo passo?
Agora, querido leitor, é hora de começar aquele processo que você entende bem: Escrever um rascunho, decidir quais informações usar e qual a ligação que fará entre elas. Uma primeira versão, por assim dizer. Afinal, mesmo que a carta de apresentação seja consideravelmente menor que seu original, ela ainda é uma escrita a ser trabalhada.
Dica #2 – Seja breve e direto!
Não, a editora não está sendo chata em não ler os cinquenta e dois capítulos da sua carta de apresentação. Ora, temos, assim como todas as outras empresas, muitos compromissos e responsabilidades, sem contar prazos apertadíssimos para dar conta de tudo.
Leve isso em consideração sempre, seja objetivo em suas palavras, corte qualquer informação irrelevante. Pare e pense: “Se eu fosse o avaliador, essa informação faria diferença pra mim?”.
Em minha experiência, até duas páginas é o suficiente para uma boa carta de apresentação. É uma regra? Não, mais uma conveniência. Já recebi cartas de até 25 páginas, li em protesto para saber o que a pessoa tanto tinha a falar sobre si. Pasmem, era quase nada. Falava mais sobre seus amigos e familiares que de fato sobre sua carreira na escrita.
Empenhe-se em organizar suas informações para que não sejam repetitivas e fluam de forma natural, cronológica, assim não precisará ficar costurando seu texto com informações adicionais. Lembre-se, a primeira parte é montar um bom planejamento.
Dica #3 – Torne-se interessante para a empresa
Queira você ou não, estamos inseridos em um mercado capitalista que nos cobra mais e mais a cada dia. Uma editora, não diferente de outros setores empresariais, desenvolve constante busca por pessoas que entendam esse ambiente e mostrem disposição para desempenhar nele. Afinal, não é legal ter alguém que não faz nada no time, né? Você precisa participar ativamente do processo de produção, edição e divulgação do seu livro, e a editora precisa saber que você entende isso.
Compartilhe um plano de Marketing, isso conta muitos pontos a seu favor. Claro, você não precisa ser especialista, mas a editora precisa ver que pelo menos você se empenha em pesquisar o assunto. Além do mais, isso te ajudará a conhecer seu público, o que tornará a vida do editor, e consequentemente a sua, muito mais fácil durante o processo editorial.
Mostre o que você poderá oferecer de benefícios para aquela empresa e o que ela poderá oferecer para você. Isso mesmo, mostre que você sabe o que ela poderá oferecer para você. Pesquisar sobre as empresas é uma tarefa básica. Quando se envia um original para avaliação, é esperado que você conheça bem o processo da empresa em questão, então, mostre para ela que você fez a lição de casa.
Dica #4 – Ética e respeito
Manter a ética é fundamental. Parece obvio dizer isso, mas acredite, não é! Muitas pessoas usam a carta de apresentação como uma oportunidade para falar mal de outras editoras, profissionais, autores, influenciadores, leitores e assim por diante.
Por mais que você esteja com raiva, isso não pega bem! Você apenas será visto como alguém a não se ter no time e imediatamente será recusado no processo de seleção.
Mantenha o respeito, a ética e os bons costumes. Use esse momento para falar sobre você e seu trabalho, aproveite cada parágrafo para mostrar o quanto você é interessante para aquela empresa. Deixe as fofocas para o chá da tarde com os amigos.
Dica #5 – Paciência
Sempre fui o tipo de pessoa que queria tudo para ontem. No entanto, o processo editorial me ensinou, a duras penas, a respeitar o tempo de cada etapa no caminho.
Sei o quanto é difícil controlar a ansiedade e acalmar a tempestade do desejo, mas infelizmente, esse é o único caminho.
Se você envia seu original para uma editora e em 2 dias ela já te manda uma aprovação do livro, provavelmente ela não leu o seu conteúdo e está aprovando porque você irá pagar pela publicação, ou ela adorou sua história de forma tal que não conseguiu parar de ler. Sabe como tirar essa dúvida? Pergunte para ela o que mais chamou a atenção na história. Qual a parte da leitura que a fez decidir que iria sim publicar seu original?… enfim, talvez alguma hora eu fale sobre “como desmascarar uma editora golpista”. Mas o assunto hoje não é esse.
Após enviar seu original, tenha paciência e aguarde a editora entrar em contato. Em Izyncor, tooooodos são respondidos. Claro que não podemos aceitar todos os originais enviados, mas não ignoramos nenhum autor. Sabemos que o processo demora, mas ficar sem uma resposta é dolorido, e tentamos terminar com essa ansiedade o mais rápido possível. Afinal, queremos que vocês se lembrem de nós, mas de um jeito bom e respeitoso, não como esnobes e grosseiros.
Preparar uma carta de apresentação nem sempre é fácil ou rápido. Reserve um tempo para isso. Não tenha pressa, faça com calma, releia, reescreva, pense sobre o assunto. É o seu primeiro contato com a editora, e é aquilo que todo mundo fala: a primeira imagem é a que fica!